OESTE PAULISTA

Tupi Paulista – Quem são os povos semitas?

Tem coisas que “caem de bandeja” na vida da gente, daí passamos a conviver muitas vezes pacificamente com elas, é o que acontece com a palavra antissemitismo.

O que será? De onde vem? E para que serve?

O antissemitismo é a forma de preconceito contra povos semitas, principalmente os judeus, e foi manifestada por diversas vezes no decorrer da História.

Dicionário: Antissemitismo é o preconceito concentrado contra qualquer pessoa de origem semita, o que inclui preconceito contra árabes, assírios, judeus etc.

O termo, no entanto, possui uma utilização muito mais vinculada ao preconceito (étnico, religioso ou cultural) cometido contra os judeus.

Ao longo da História, o antissemitismo manifestou-se de diversas maneiras, impondo uma perseguição muito grande às populações judias.

Buscando respostas no site Brasil Escola o historiador Daniel Neves e diversos outros historiadores nos ensinam que tal perseguição durante o período medieval é entendida muito mais a partir de um aspecto religioso.

O antissemitismo moderno surgiu basicamente no começo do século XIX no continente europeu, e suas causas estão relacionadas a questões políticas e econômicas.

O antissemitismo ao longo da História –

A perseguição aos judeus é um fenômeno antigo e remonta ainda ao período do Império Romano.

Por causa da perseguição dos romanos – dominadores da Palestina, os judeus fugiram da região e espalharam-se pelo mundo, estabelecendo-se principalmente na Europa.

No continente europeu, durante o período da Idade Média, essa perseguição estava muito relacionada a questões de ordem religiosa, por causa das diferenças entre os católicos e os judeus e pelo fato de estes serem vistos como os algozes de Jesus Cristo. […] O que consideramos como o antissemitismo moderno surgiu no início do século XIX.

A filósofa Hannah Arendt considera que a Prússia foi o ponto de partida.

O antissemitismo na Prússia começou logo após a conquista da região pelas tropas napoleônicas e está muito relacionado à derrocada da aristocracia prussiana e às transformações que aquela sociedade sofreu.

Isso aconteceu porque os conquistadores liderados por Napoleão Bonaparte procuraram abolir privilégios de classe na sociedade prussiana e realizaram um processo que visava a igualar a posição de todos os cidadãos.

Com isso, parte dos judeus conquistaram direitos que não possuíam antes da chegada das tropas napoleônicas.

Essas mudanças visavam à destruição dos privilégios da nobreza de forma a implantar no país o livre comércio.

Esse processo resultou no desenvolvimento do antissemitismo na Prússia.

Com essa onda antissemita se espalhando pela Europa, o discurso de ódio contra os judeus disseminou-se por diversas nações do continente.

Hannah Arendt associa o fortalecimento do antissemitismo na Europa também com a perda de poder político dos judeus ao longo do século XIX.

“O antissemitismo alcançou o seu clímax quando os judeus haviam, de modo análogo, perdido as funções públicas e a influência, e quando nada lhes restava senão sua riqueza.”

Essa situação fez com que diversas teorias conspiracionistas envolvendo os judeus fossem espalhadas pela Europa. Surgiram políticos e partidos que tinham no discurso antissemita um de seus motes, e tornou-se comum a realização de pogroms – ataques concentrados contra comunidades judias, principalmente no Império Russo.

Nazismo e antissemitismo – O crescimento do antissemitismo nos quadros políticos e na sociedade europeia teve o seu ápice com o surgimento do Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães ou, simplesmente, Partido Nazista.

Um dos elementos centrais do nazismo era o antissemitismo, e Adolf Hitler conseguiu com seu discurso mobilizar uma nação contra os judeus.

O que começou como um discurso tornou-se prática de terror quando os nazistas assumiram o poder na Alemanha, em 1933.

Esse quadro agravou-se a partir de 1935, conforme o registro de Richard J. Evans:

As ações antissemitas executadas na primavera e verão de 1935 tomaram muitas formas.

Em maio houve […] numerosos boicotes a lojas judaicas organizadas por camisas-pardas e SS, com frequência acompanhadas de violência. Foi por essa época também que placas com dizeres antissemitas foram colocadas na beira da estrada e nos limites de muitas cidades e aldeias.

No mesmo ano (1935), foram decretadas leis antissemitas pelo governo alemão, as quais ficaram conhecidas como Leis de Nuremberg.

Essas leis excluíam os direitos de cidadania dos judeus, proibindo-os de se casar com alemães (ditos arianos).

A partir dessas leis, a perseguição aos judeus consolidou-se na sociedade alemã, tanto na vida pública quanto na privada.

[…] Holocausto – A História nos diz aonde essa perseguição e terror extremos contra os judeus na Alemanha levou: ao Holocausto ou, na terminologia utilizada pelos próprios judeus, Shoá.

O Holocausto foi a política de extermínio promovida pelos nazistas durante os anos da Segunda Guerra Mundial.

Os nazistas deram ao programa de extermínio dos judeus o nome de “Solução Final”.

O holocausto dos judeus na Europa aconteceu a partir de diferentes etapas: reclusão dos judeus em guetos, campanhas de fuzilamento promovidas pela Einsatzgruppen e aglomeração dos judeus nos campos de concentração.

Existiam campos de trabalho forçado e campos de extermínio, entre os quais o mais conhecido foi Auschwitz-Birkenau, responsável pela morte de 1,2 milhão de pessoas.

Ao todo, seis milhões de judeus foram mortos pelos nazistas.

Assim pudemos começar a entender um pouco mais sobre o antissemitismo tão antigo e tão atual.

Antonio Luciano Teixeira