Tupi Paulista – O Brasil não tem povo, tem público
Nosso foco está em um escritor brasileiro um tanto esquecido, mas deixou uma grande obra que será sempre lembrada.
Lima Barreto foi um importante escritor e jornalista brasileiro, nascido em 1881 e falecido em 1922, que ficou conhecido por sua obra crítica e militante.
Ele retratou as desigualdades sociais, o racismo e a hipocrisia da Primeira República brasileira, utilizando um estilo irônico e pessimista. Seus trabalhos mais famosos incluem “Recordações do escrivão Isaías Caminha” e “Triste fim de Policarpo Quaresma”.
Filho de pais negros, nasceu sete anos antes da abolição da escravidão e sua vida foi marcada pela luta contra o racismo e a exclusão social.
Enfrentou dificuldades financeiras, problemas de saúde e foi internado diversas vezes em hospícios, sendo diagnosticado com alcoolismo e outras doenças.
Foi romancista, cronista e contista, publicando diversos textos na imprensa da época.
Sua obra é considerada autobiográfica e engajada, com forte crítica social, que denunciou o racismo, o elitismo e as falácias da república recém-formada.
Embora não tenha sido amplamente reconhecido em sua época, a obra de Lima Barreto foi redescoberta e se tornou fundamental para a literatura brasileira.
Ele é considerado um precursor do modernismo por sua inovação na abordagem de temas sociais e na linguagem utilizada.
Ao afirmar que “O Brasil não tem povo, tem público”, Lima Barreto nos transmite a ideia de que o povo não participou do nascimento da república, que é o contexto da fralde; a população apenas assistiu o golpe que derrubou o Império. Atualmente, a frase de Lima Barreto se aplica ao fato de que a população não age como povo, e sim como público.
Ou seja, diante do cenário político nacional, a população brasileira simplesmente assiste ao que ocorre no país, sem participação ativa. Sua frase critica a passividade da sociedade brasileira, que ele via como um público que apenas assiste às injustiças e à política, em vez de um “povo” ativo que luta por seus direitos.
Essa crítica, que se origina no contexto de sua época, aponta para uma sociedade que se mantém distante e passiva diante dos problemas sociais e políticos, em vez de se engajar e transformar a realidade. Para o escritor, um “povo” é um grupo engajado, coletivo e com responsabilidade mútua na busca por igualdade e justiça social.
Um “público”, em contrapartida, é um espectador que observa sem se envolver, seja por apatia, comodismo ou falta de consciência.
A frase foi escrita no início do século XX, período em que as transformações da República não se traduziram em efetiva participação popular, mantendo o poder nas mãos das elites.
Lima Barreto, com sua crítica social, buscava despertar essa consciência para a necessidade de mudança.
A observação de Lima Barreto continua relevante, pois, como a frase sugere, a sociedade brasileira muitas vezes se manifesta como uma “plateia” passiva diante das adversidades, em vez de um “povo” que se mobiliza e luta por seus direitos.
“O Brasil não tem povo, tem público, povo luta por seus direitos público só assiste de camarote”. (Lima Barreto)
Antonio Luciano Teixeira




