Carros de MSF transportam suprimentos e equipes a caminho de uma clínica no condado de Morobo, Equatória Central. Setembro de 2023 Manon Massiat/MSF
MUNDO

Médicos Sem Fronteiras suspende atividades em duas regiões do Sudão do Sul após sequestro de profissional

Sequestros são parte de uma tendência preocupante de violência contra profissionais de saúde e humanitários; profissional de MSF já foi libertado

 

Médicos Sem Fronteiras (MSF) suspendeu todas as atividades nos condados de Yei River e Morobo, no estado de Equatória Central, no Sudão do Sul, por um período mínimo de seis semanas. A decisão foi tomada após o sequestro de um dos nossos profissionais. Quatro dias antes, uma trabalhadora do Ministério da Saúde local também havia sido sequestrada em uma ambulância de MSF, na mesma estrada e local. Felizmente, nosso colega foi libertado algumas horas depois.

 

 

O incidente ocorreu durante a evacuação da equipe de MSF de Morobo para Yei, em meio à deterioração das condições de segurança. O comboio, composto por quatro veículos, foi interceptado por homens armados, que ordenaram que o profissional — líder da equipe — descesse do carro. O grupo o levou para o matagal e ordenou que os demais veículos e profissionais seguissem viagem.

 

“Estamos indignados com este ataque direcionado. Os ataques a trabalhadores humanitários que prestam assistência às pessoas em situação de vulnerabilidade devem parar”, afirma Ferdinand Atte, coordenador-geral de MSF no Sudão do Sul. “Embora estejamos profundamente comprometidos em prestar assistência a quem precisa, não podemos manter nossa equipe trabalhando em um ambiente inseguro,” acrescenta.

 

Este sequestro é parte de uma tendência preocupante da violência direcionada a profissionais de saúde e humanitários nesses condados. Em apenas três meses, vários episódios de violência contra profissionais humanitários e instalações de saúde foram relatados em Morobo, incluindo sequestros violentos, incêndios criminosos, saques violentos a hospitais e danos à infraestrutura médica. Sete desses incidentes envolveram o sequestro de profissionais humanitários.

 

“Exigimos responsabilidade e garantias concretas das autoridades e de todas as partes envolvidas no conflito, incluindo os grupos armados nos condados de Morobo e Yei River. É fundamental garantir o acesso seguro e sem obstáculos às populações em situação de vulnerabilidade e proteger os civis e as infraestruturas, incluindo profissionais de saúde, pacientes e instalações médicas, antes de considerarmos a retomada de nossas atividades”, acrescenta Ferdinand.

 

Os moradores dos condados de Yei River e Morobo vivem em áreas remotas e de difícil acesso, frequentemente isolados de serviços essenciais devido à infraestrutura limitada e ao conflito armado. Por isso, as pessoas dependem fortemente de organizações humanitárias como MSF para serviços essenciais.

 

Esta é a segunda vez em menos de três meses que MSF é obrigada a reduzir a prestação de serviços médicos na região. Em maio, fomos forçados a reduzir nossas atividades devido à crescente insegurança na área. MSF também suspendeu todas as atividades nos acampamentos de deslocados internos devido à violência implacável no condado de Morobo.

 

Hoje, MSF teve que tomar a difícil decisão de suspender todas as atividades em ambos os condados, aumentando o número crescente de projetos e instalações de saúde que a organização teve que fechar neste ano como resultado dos ataques.

 

“MSF é uma das poucas organizações médicas que presta apoio a várias instalações de saúde nesta área. Quando tais ataques ocorrem, são as populações locais que mais sofrem, pois isso prejudica gravemente o acesso a cuidados de saúde essenciais”, acrescenta Ferdinand.

 

Nos condados de Yei River e Morobo, MSF presta serviços de saúde primários, apoiando quatro instalações do Ministério da Saúde, oferecendo consultas ambulatoriais, vacinas de rotina e cuidados de saúde materno-infantil.

 

MSF também oferece clínicas móveis e apoia os cuidados de saúde comunitários por meio do programa Iniciativa de Saúde Boma. Entre janeiro e junho de 2025, MSF realizou 14.500 consultas ambulatoriais, 1.192 consultas pré-natais e prestou assistência em 438 partos nesta área.

ASSESSORIA DE IMPRENSA  

Twitter: @MSF_Imprensa

imprensa@msf.org.br

Danielle Bastos

+ 55 21 98595-8044

danielle.bastos@rio.msf.org

Paulo Braga

+55 21 99810-0262

paulo.braga@rio.msf.org