Tupi Paulista – A onda do bebê reborn
Será um hobby ou um problema? O certo é que está impactando a vida e a rotina de muitas pessoas.
Eles têm nome, enxoval, certidão de nascimento e até aparecem em consultas médicas. Os bebês reborn, bonecos hiper-realistas que imitam recém-nascidos e não são baratos, quanto maior o grau de personalização, mais caro, chegando a custar quase R$ 10 mil. Os bonecos viralizaram nas redes sociais nos últimos tempos, impulsionados por vídeos que mostram as rotinas de cuidado de “mães” e “pais” dedicados.
E as notícias não param: “Após separação, casal entra na Justiça por guarda de bebê reborn”. (#SBTNews (15/05/25)). Conforme manifestam os psicólogos, “é importante analisar quais são os contextos e as motivações que estão por trás desses comportamentos”.
A história das bonecas bebê reborn, que são uma forma de arte com bonecas hiperrealistas, remonta à Segunda Guerra Mundial, quando mães e artesãs começaram a modificar bonecas antigas para dar-lhes um aspecto mais realista. O conceito foi consolidado como arte nos anos 1980 e 1990, com artistas produzindo bonecas realistas com um nível de detalhamento impressionante.
No Brasil, mercado de bebês reborn tem crescido significativamente, com lojas especializadas e também um aumento das vendas online.
O nome “reborn” — renascida, em inglês — reflete esse processo artesanal na criação do brinquedo.
Já aconteceu “Parto” de bebê reborn que viralizou nas redes sociais. Sem falar no encontro de mães de bebês reborn ocorrido no Parque do Ibirapuera em São Paulo.
Os bebês reborn são produzidos com riqueza de detalhes que imitam desde a textura da pele e os vasos sanguíneos até os cílios, unhas e até o peso de um recém-nascido. O processo de criação é chamado de reborning, e envolve transformar um boneco comum em uma peça realista, ou criar um do zero com materiais como vinil ou silicone.
Por serem ultrarrealistas, os bebês reborn costumam ser bem mais caros que as bonecas convencionais.
Segundo os relatos das “mães”, os bonecos servem principalmente como itens de coleção, peças terapêuticas ou objetos de afeto. Muitas pessoas também utilizam o objeto como ajuda para enfrentar o luto, depressão ou outras condições emocionais.
Afinal de contas, a prática pode trazer benefícios como: criação de comunidades, com troca de dicas e experiências; senso de pertencimento e interação social; estímulo criativo e relaxamento. Ela pode até mesmo ser usada com fins terapêuticos.
Que os criam são artesãs – ou “cegonhas”, assim são chamadas as artistas que fazem os “bebês” – e vendem os bonecos.
A realidade da maioria das entusiastas, que se definem como colecionadoras cruza-se a fronteira entre o hobby e um possível desequilíbrio emocional quando não se distingue o cuidado fantasioso da realidade ou a interação com a boneca afeta as responsabilidades diárias. Muitas atitudes merecem atenção especial, segundo especialistas.
É muito saudável que as mulheres apenas usem, colecionem ou brinquem com as bonecas como um momento de relaxamento. O hobby é saudável quando enriquece a vida, proporcionando alegria e aprendizado sem gerar consequências negativas em outras áreas.
A pessoa pode entrar numa depressão achando que está passando por um preconceito em relação ao seu filho, que, neste caso, é o boneco. Isso é um sinal de alerta”,
A conexão com o boneco pode levar um adulto a criar relação emocional. Para os especialistas, são aspectos como a necessidade de promover cuidado e fornecer proteção a algo ou alguém; o sentimento de solidão, isolamento ou vazio; e o desejo de vivenciar, de algum modo, a maternidade ou paternidade sem a responsabilidade atrelada a essa vivência.
É bom lembrar que, a febre com os bebês reborn, já chegou aos animais reborn, como pet’s (pig, cat and dog ou porcos, gatos e cachorros).
Apesar de fortes críticas, a compra e a divulgação dos famosos bebês reborn tem se tornado cada vez mais comum. Os bonecos hiperrealistas se tornaram o desejo de consumo de diversas pessoas, e têm causado estranhamento em outras.Sem nenhum espanto anunciamos que já existem tramitando projetos de Leis para criar o dia das mães do bebê reborn.
Pelo visto, o compositor e interprete Silvio Brito, quando lançou em 1974 a música “Tá Todo Mundo Louco”, estava prevendo tudo isso.
E assim caminha a humanidade, humanizando o inumanizável.
Antonio Luciano Teixeira