Tupi Paulista – Pinga ou Cachaça?
Eis a questão!
A cachaça é um destilado 100% brasileiro que provêm exclusivamente da cana-de-açúcar. Já conquistou o mundo, e é uma bebida de grande importância cultural, social e econômica, está relacionada diretamente ao início da colonização portuguesa no país e à atividade açucareira, baseada na mesma matéria-prima da cachaça.
O sucesso da cachaça foi tão grande no Brasil que chegou a ter sua venda proibida pela Coroa Portuguesa em 1649, em função da queda nas vendas do vinho português.
A cachaça também era temida nesse período pelo medo que ela estimulasse a rebeldia dos negros.
Ela também foi usada como símbolo de nacionalidade quando o Brasil Colônia começou a brigar para ser livre de Portugal. Como símbolo dessa luta pela independência do país, a cachaça era servida nas reuniões conspiratórias dos Inconfidentes.
Nas décadas de 80 e 90 foram implementadas uma série de iniciativas buscando valorizar a cachaça, hoje considerada um produto tipicamente brasileiro.
Com a melhoria nos processos de fabricação a cachaça foi adquirindo ainda mais qualidade e hoje é considerada uma bebida amplamente democrática que agrada paladares de todas as classes sociais.
“A cachaça é o terceiro destilado mais consumido no mundo, perdendo apenas para a Soju (destilado coreano de arroz) e a vodka.”
Como o povo brasileiro é criativo e o pais de extensão continental, nas diversas regiões a Cachaça ganha diferente apelidos.
Já foram registrados mais de 700 sinônimos para a nossa Cachaça no país todo!
Quanto a data exata não se tem confirmação, o fato é que a Cachaça surgiu no Brasil entre os anos de 1516 a 1532 nos alambiques e engenhos de São Paulo e Pernambuco, a cachaça se espalhou pelo Rio de Janeiro e Minas Gerais devido a descoberta do ouro e pedras preciosas.
Cachaça e aguardente não são iguais, pela legislação, cachaças possuem o teor alcoólico de 38% a 48%. Acima desta graduação alcoólica, considera-se a bebida aguardente.
Dada a importância da bebida para o Brasil, em 2009 o Instituto Brasileiro da Cachaça (IBRAC) determinou que em 13 de setembro seria celebrado o Dia da Cachaça.
Por fim, temos a pinga.
A pinga nada mais é do que um dos tipos de cachaça brasileira, na verdade, ela é somente uma das variações nominais para essa tradicional bebida brasileira.
Esse apelido foi dado pelos escravos quando eles ferviam o caldo de cana no engenho e esse ambiente ficava tão quente que eles pingavam suor, daí veio a expressão ‘’pinga’’.
Diversos estados legislaram sobre a cachaça brasileira em Minas Gerais a Lei nº 13.949, de 11 de julho de 2001 estabelece o padrão de identidade e as características do processo de elaboração da Cachaça de Minas e dá outras providências.
Em seu Art. 10 – Fica designado Dia da Cachaça de Minas o dia 21 de maio, correspondente ao início da safra.
E no Art. 11 – A Cachaça de Minas é bebida oficial do Governo do Estado e será servida em festas, recepções e eventos oficiais.
A União também através do Decreto Nº 4.062, de 21 de dezembro de 2001.
Define as expressões “cachaça” “Brasil” e “cachaça do Brasil” no Art. 1o do Decreto o nome “cachaça”, vocábulo de origem e uso exclusivamente brasileiros, constitui indicação geográficas para os efeitos, no comércio internacional.
A palavra “pinga” pode ter conotações diferentes em diferentes regiões:
Em algumas cidades do interior de Minas Gerais e Rio de Janeiro, “pinga” é associada a cachaças de maior qualidade. Já em cidades do interior de São Paulo, o sentido é pejorativo.
Conforme diz o Anuário da Cachaça 2024, documento elaborado pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) com dados de 2023.
Hoje são quase 6.000 cachaças registradas no Brasil – 5.998, para ser exato, um aumento de 18,5% em comparação a 2022.
O número de cachaçarias também cresceu: foram registradas 1.217 delas no Brasil em 2023, um aumento de 7,8% em relação ao ano anterior.
Agora resta um brinde à cachaça brasileira! Mas pode ser um “mé” ou uma “pinga”.
Antonio Luciano Teixeira