BRASIL

Impacto no bolso: como o corte de gastos anunciado por Haddad pode refletir nos preços da cesta básica

Medidas econômicas visam reduzir o déficit fiscal, mas podem pressionar a inflação e o custo de produtos essenciais

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad anunciou uma série de medidas para conter o déficit fiscal e equilibrar as contas públicas. Entre as ações estão cortes significativos em gastos do governo e ajustes tributários. Especialistas alertam que essas decisões podem ter impacto direto sobre o preço dos itens da cesta básica, afetando principalmente as famílias de baixa renda.

Os cortes incluem redução de subsídios e reavaliação de programas sociais, o que pode influenciar na cadeia de produção e transporte de alimentos.

“Sem incentivos ou com menor apoio governamental, os setores agrícolas e industriais podem repassar os custos operacionais para o consumidor final. O preço de itens essenciais como arroz, feijão e óleo de soja pode variar em função de como as medidas anunciadas serão aprovadas e por quanto tempo elas durarão”, explica Gustavo Defendi, sócio-diretor da Real Cestas, empresa que atua no segmento de cestas básicas há mais de 20 anos.

Além disso, o mercado monitora como os ajustes tributários vão incidir sobre o setor de alimentos. Mudanças nas alíquotas de impostos sobre combustíveis e energia elétrica, por exemplo, podem elevar os custos logísticos, que representam parte relevante da formação dos preços dos alimentos.

Dados do IBGE mostram que o aumento da inflação nos últimos anos impacta fortemente a cesta básica, que já consome mais de 50% da renda de famílias de menor poder aquisitivo em algumas regiões.

O ministro da Fazenda afirma que essa medida, combinada à Reforma Tributária, fará com que grande parte do povo brasileiro não pague nem Imposto de Renda e nem imposto sobre produtos da cesta básica, inclusive a carne.

“Se o governo não implementar políticas compensatórias, como subsídios diretos para itens alimentares ou programas de transferência de renda, ao contrário do que afirmam, os cortes podem ampliar as desigualdades sociais”, continua Gustavo.

O governo defende que as medidas sejam permitidas para evitar a escalada do endividamento público e recuperar a confiança dos investidores. No entanto, organizações como o Dieese avaliam que o impacto na vida cotidiana dos brasileiros deve ser acompanhado de perto, especialmente em produtos essenciais.

A conexão entre as medidas anunciadas e a cesta básica evidencia a importância de monitorar o equilíbrio entre ajuste fiscal e a proteção ao consumo básico.

“O estágio dessa política poderá determinar se o esforço de estabilização econômica será percebido pela população como necessário ou prejudicial”, finaliza o especialista.

Gustavo Defendi é sócio-diretor da Real Cestas, empresa que atua há mais de 20 anos no mercado de cestas básicas. Possui experiência corporativa, financeira e contábil no mercado da indústria alimentícia, gestão financeira, inteligência de negócios, estratégia e inteligência de mercado. Formação acadêmica na Escola de Engenharia Mauá e MBA em Estratégia de Mercado na Fundação Getúlio Vargas. Certificação para conselheiro no IBGC – Instituto Brasileiro de Governança Corporativa.

 

Por: Luciana Vitale<luciana@maximasp.com.br>